Histórico
No exercício do cargo de intendente de Campo
Grande de 1927 a 1929 de Jonas Corrêa da Costa, diante da ausência de ginásios
públicos, foi criado, por iniciativa de particulares, o Instituto Osvaldo Cruz,
em março de 1927 pelos professores Henrique Corrêa e João Batista, no mesmo
local onde funcionou o Instituto Rui Barbosa (JORNAL DO COMÉRCIO, 1940).
Assim como outras instituições, o Instituto Osvaldo Cruz foi instalado, inicialmente,
em prédio alugado.
Muitas escolas foram implantadas em
edifícios alugados, cuja finalidade primeira era sempre educar e não construir
e essa prática se repete até os dias de hoje. Um bom exemplo disso é o Colégio
Osvaldo Cruz que ocupou o prédio de um antigo armazém de secos e molhados ou
ainda do prédio da primeira Faculdade de Campo Grande, a de Odontologia, na Rua
Cândido Mariano (ARRUDA,2006, p. 109).
Sendo assim o grande galpão foi adaptado com
instalações mais adequadas para alojar a nova instituição de ensino. Em 15 de
março de 1927 iniciaram-se as atividades com características de internato,
porém foi em fevereiro de 1929 que o seu primeiro dono e diretor, o professor
Henrique Corrêa solicitou a inspeção do estabelecimento com a intenção de obter
reconhecimento oficial. Diante disso, realizaram-se os primeiros exames de
admissão, sob a fiscalização do Inspetor Federal Dr. Jaime Ferreira de
Vasconcelos (GINÁSIO OSVALDO CRUZ, Relatório, 1939, p.1).
O corpo docente deste estabelecimento na
década de 1930 era considerado um grupo bem estruturado para a época, sendo que
sua maioria era formada por profissionais liberais da área jurídica ou da
saúde, para se ter idéia dos 14 professores, três eram advogados (um era também
militar, tenente), três médicos (dois eram também militares, tenentes), três
engenheiros, um farmacêutico e um militar (major). Os três restantes não tinham
formação superior (JORNAL FOLHA DA SERRA, 1934, s/p.).
No ano de 1934, já com a denominação de
Ginásio Osvaldo Cruz, foi administrado pela Associação de Professores do Ensino
Secundário de Campo Grande, sendo vendido, em 1934, ao professor Enzo
Ciantelli, como é elucidado no Relatório de 1939.
Em 1933, o estabelecimento passou a pertencer a um sindicato de
professores do curso secundário, permanecendo assim dirigido até setembro de
1934, quando foi adquirido pelo seu atual proprietário, Prof. Enzo Ciantelli,
que a êle incorporou o ‘Colégio Visconde de Taunay’, por êle próprio fundado e
que mantinha curso primário e comercial sob Inspeção Federal (GINÁSIO OSVALDO
CRUZ, Relatório, 1939, p. 1).
O Ginásio Osvaldo Cruz foi reformado em 1937,
ainda na gestão de Enzo Ciantelli, com o intuito de substituir mobiliários,
como camas, armários, chuveiros, bem como para realçar a pinturas a óleo e
impermeabilizar as paredes, no período da inspeção preliminar (1932), no
sentido de ampliar e melhorar o atendimento, o que facilitaria ao Ministério da
Educação conceder a inspeção permanente ao curso ginasial (GINÁSIO OSVALDO
CRUZ, Relatório, 1939). A inspeção permanente era o reconhecimento oficial para
efeito de expedir certificados de habilitação. (BRASIL, 1932, s/p, Art.50).
Ainda, em 1939, a instituição atendia nos
três turnos e oferecia o ensino primário, ginásio e comercial, sendo
matriculados, no período matutino, no qual se ofereciam o curso ginasial e o
comercial, 230 alunos, sendo 160 do sexo masculino e 70 do feminino. No turno
vespertino, por sua vez, eram oferecidos os cursos primário e comercial,
somavam-se 244 alunos, sendo 164 homens e 80 mulheres. No período que
correspondia ao noturno, o número de alunos era bem menor, sendo mínima a
presença de mulheres, isto é, neste período a Instituição atendia no ensino
comercial, um total de 27 alunos, sendo 24 do sexo masculino e três do
feminino.
Em 1939, também, o Instituto Osvaldo Cruz
atendia estudantes de ambos os sexos, no entanto, o regime de internato era
permitido apenas para os meninos, sobrando apenas à opção do externato para o
público feminino. O Relatório de 1939 destaca que este estabelecimento formaria
a sua sétima turma e que vários alunos formados neste estabelecimento estavam
alcançando bons resultados nas academias de todo o país. (GINÁSIO OSVALDO CRUZ,
Relatório, 1939, p. 2).
No primeiro ano da década 1940, o Ginásio foi
comprado e dirigido em sociedade pelos senhores José Fontanillas Fragelli e
Wilson Barbosa Martins, antes de ser comprado, nos meses finais de 1942, pelo
professor Luís Alexandre.
O professor Luís Alexandre de Oliveira, foi
um dos pioneiros da educação campo-grandense. Nasceu em 14/4/1903, na cidade de
Teixeiras, antigo distrito de Viçosa/MG e faleceu 19/10/1997 em Campo
Grande/MS.
Na direção de Luís Alexandre, para que o
curso ginasial do estabelecimento Osvaldo Cruz fosse beneficiado pela inspeção
permanente, o Ministério da Educação e Saúde, por meio do Departamento Nacional
de Educação (Divisão de Educação Física), endereçou um ofício em 12 de março de
1943, ao diretor do Ginásio Osvaldo Cruz solicitando, em complemento ao
relatório de 1939, que fosse enviado para a Divisão de Educação Física
fotografias dos seguintes itens:
I – Chuveiros –
Individuais para a secção feminina na proporção mínima de 1 para 20 alunas, de
acordo com a capacidade de matrícula prevista.
II – Vestiários –
Vestiário para a secção feminina com capacidade mínima de para 1/10 do limite
de matrícula. (BRASIL, Oficio 0447,1943).
Em 1944, na gestão de Luis Alexandre o curso
ginasial, depois de cumprir as determinações do Ministério da Educação e Saúde
recebeu a inspeção permanente pelo Decreto Federal 14.708 de 8 de fevereiro de
1944, ou seja: “Art. 1. É concedido reconhecimento, sob regime de inspeção
permanente, ao curso ginasial do Ginásio Oswaldo Cruz, com sede em Campo
Grande, no Estado de Mato Grosso.” (BRASIL, Decreto 14.708, 1944).
Além disso, no ano de 1948, ainda na gestão
de Luís Alexandre , foi requerido por intermédio do senador Vespasiano Martins,
a elevação do Ginásio Osvaldo Cruz para Colégio, isto é, somente os Colégios
poderiam oferecer os dois ciclos do secundário (clássico e científico). (BRASIL,
1942, p. 21, Arts 2º,3º e 4º). Sendo assim, segundo o Decreto Federal nº 26.
402 de 24 de fevereiro de 1949:
Art. 1.º O Ginásio Osvaldo
Cruz, com sede em Campo Grande, no Estado de Mato Grosso, fica autorizado a
funcionar como colégio.
Art. 2.º A denominação do
estabelecimento de ensino secundário de
que trata o artigo
anterior passa a ser Colégio Osvaldo Cruz.
Art. 3.º O reconhecimento,
que pelo presente decreto é concedido ao
Colégio Osvaldo Cruz,
considera-se-á quanto aos seus cursos clássico e científico, sob regime de
inspeção preliminar. (BRASIL, 1949, p. 280 a 281).
O professor
Luís Alexandre de Oliveira doou em vida a sede do Colégio Oswaldo Cruz, para a
Sociedade Beneficente de Campo Grande.
Localizado em
frente ao Mercadão Municipal, o colégio está atualmente em um dos locais de
maior movimento da cidade.
Devido a
dividas fechou as portas e durante anos serviu de abrigo para moradores de rua
e usuários de drogas.
A Prefeitura de Campo Grande em 2010 decidiu
ativá-lo e transformá-lo em escola pública municipal.
O Colégio Oswaldo Cruz foi
reaberto no dia 29 de março de 2010 após ser restaurado e reformado pela
prefeitura da Capital.
Passou a
abrigar o projeto Travessia Educacional do Jovem Estudante, que funciona como
uma alternativa para jovens
de 15 a 17 anos que ainda não concluíram o ensino fundamental.
A coordenadora geral do Ensino Médio do MEC, Edna Borges
que participou da inauguração, elogiou o projeto pioneiro desenvolvido pela prefeitura de Campo Grande
em um lugar antes conhecido como "cracolândia". E expressou sua
satisfação ao citar: "Fico esperançosa quando vejo um projeto como o Traje. Campo
Grande sai na frente com uma proposta específica de ensino de jovens".
Decreto n° 11.169
de 07 de abril de 2010, a escola passa a fazer parte da Rede Municipal de
Ensino com o nome de Escola Municipal Osvaldo Cruz após determinação do
Ministério da Educação de não permitir o ingresso de alunos com menos de 18
anos a EJA (Educação de Jovens e Adultos) passando a atender os alunos entre 15 a 17 anos com distorção de idade e ano de escolaridade.
Começa no dia 29 de março
de 2010 o projeto Travessia Educacional do Jovem Estudante (TRAJE) idealizado
pela Secretaria Municipal de Educação na
Gestão do Prefeito Nelson Trad Filho.
Atualmente a
escola é referência no Estado de Mato Grosso do Sul no trabalho com adolescentes de 15 a 17 anos que estão excluídos do sistema
formal de ensino ou em distorção idade/ano atendendo 850 alunos com a
perspectiva de vir atender 1.500 alunos.
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